Monday, October 20, 2008

Queiroz e a Selecção

o Futebol é, para quem gosta, capaz de motivar sentimentos e emoções e levar-nos a fazer coias que a primeira vista parecem estúpidas ao comum dos mortais.
Há uns anos atrás, era sócio do Sporting como hoje sou, ia aos jogos todos como tento ir agora, cheguei a ir ás Antas ver um FCP-Sporting e ver o meu clube eliminar nas meias finais da taça o clube da Invicta aos 106 minutos de prolongamento.
No entanto, um treinador fez com que tudo isso acabasse e um dia, a meio de um jogo, me levantasse e dissesse: "Este gajo está a gozar comigo". Saí porta fora e não voltei.

Desde aí, deixei de pagar quotas e apenas voltei a Alvalade para ver uns jogos já no estádio novo e com o Cartão do meu Pai, até este ano que aproveitei um perdão de quotas e fiquei com o lugar dele.
Esse senhor que me fez sair de Alvalade foi o "professor Queiroz"!

Antes de transcrever um texto do João Marcelino no DN, queria apenas dizer que nunca fui um grande entusiasta do Scolari mas, soube unir um país à volta de uma selecção e conseguiu que aturassemos as suas teimosias (Ricardo,entre outras) e as suas faltas de educação com tudo e todos.

Aqui vai o texto e apenas digo "PALAVRAS PARA QUÊ"


UM DESCALABRO CHAMADO QUEIROZ

João Marcelino
Nunca esperei nada de muito significativo desta nova etapa da selecção nacional com Carlos Queiroz. Há demasiados anos que o vejo como um treinador banal de alta competição, bom programador ao que dizem, disciplinado e trabalhador, bem relacionado, que utiliza o servilismo de uma parte da imprensa portuguesa ("professor" para aqui, "professor" para ali) para esconder a falta dos atributos que mais devem habilitar um homem com as suas funções: carisma, capacidade de liderança e sagacidade nas opções técnicas, sobretudo a partir do banco.

A ausência destas qualidades, a que se soma a falta de experiência significativa como jogador, já fora anteriormente visada nas passagens pelo Sporting (onde não ganhou ao leme da melhor equipa dos últimos 20 anos do clube), pelo Real Madrid (onde foi despedido) e pela selecção (em que falhou o apuramento para o Mundial de 1994). Descontando o trabalho às ordens de Alex Fergusson, um verdadeiro líder cuja longevidade desesperou o actual seleccionador nacional e o fez agora abandonar Manchester, o resto foram experiências irrelevantes no futebol do terceiro mundo.

Queiroz continua a recolher ainda hoje os dividendos do investimento feito em 1989 e 1991 com os títulos mundiais de sub-20, quando levou ao limite a capacidade familiar de alguns jovens com qualidade futebolística para os manter perto de 250 dias em estágios sucessivos - coisa absolutamente anormal para o escalão e que alguns desses jovens pagaram de forma dura em termos académicos e culturais.

Dito isto, até a mim me escandaliza a agressividade com que a imprensa, nomeadamente a dos jornais desportivos, se atirou ao seleccionador depois do empate com a Albânia, mas o servilismo é mesmo assim: quando não retribuído, pode dar origem a ofensas soezes - e A Bola chamou-lhe agora burro com a mesma facilidade com que Queiroz ofendeu um dia o presidente do Sporting Clube de Portugal, Soares Franco.

Mas é assim a vida.

Igualmente por isso, pessoas que festejaram com foguetes o regresso do treinador, publicam hoje prosas de uma "independência" inquestionável. Afinal, eles também sempre duvidaram...

A propósito do descalabro da selecção de futebol, que está já seriamente em risco de falhar o apuramento para o Mundial, pode e deve dizer-se algumas coisas concretas. Por exemplo estas 11 (e poderiam ser muitas mais):

1. Queiroz regressou à selecção com o mesmo espírito que leva o emigrante a colocar o rádio do descapotável aos berros antes de entrar na principal rua da aldeia onde irá construir uma casa bonita com fachada de azulejo. Em consequência fez experiências voluntaristas mas sem sentido. Depois de tentar inventar o defesa-esquerdo que na verdade faria falta, deixou cair Antunes desamparado. Depois de promover Carlos Martins, sentou-o no banco. Depois de ter a prova de que Nuno Gomes é, infelizmente, o melhor avançado da selecção, continuou a apostar no físico de Hugo Almeida.

2. Ao contrário do que pretende uma mentira tantas vezes repetida, o jogo com a Dinamarca foi mau. Portugal sofreu três golos, perdeu, e poderia, até, ter sofrido outros dois golos logo nos primeiros momentos do jogo. Ou seja, começou mal e terminou pior.

3. Contra a Suécia, apertado pelos resultados, o mesmo treinador, que se vangloriara pelos nove golos marcados às Ilhas Faroé e Malta, disse que aquele era "o jogo", mas a equipa disponibilizou-se para o empate e mostrou-se feliz por o ter alcançado.

4. É inadmissível que com a Albânia, ao intervalo, com um resultado que não servia e a jogar contra dez, Queiroz fizesse voltar a mesma equipa. Ofereceu ainda mais dez minutos ao adversário antes de fazer o seu trabalho.

5. Não se percebe que na preparação do jogo tenha alertado para o facto da Albânia poder atirar alguma equipa para fora do Mundial e depois, na conferência de imprensa, já tivesse sido capaz de assumir, com atraso, que este era um jogo de ganhar. Ou seja, não foi capaz de colocar essa pressão nos jogadores antes, e só depois disse - obviamente por dizer e para ganhar espaço para os cinco meses de férias que se seguem até Março - que a selecção se vai apurar ganhando onde tiver de ser. Conversa fiada. Neste momento poucos são os portugueses apreciadores de futebol que acreditam nisso.

6. Queiroz disse três vezes na mesma conferência de imprensa, em Braga, que não sabe o que mais pode ou deve fazer para ganhar um jogo de futebol! Não foi deslize. Tenho a certeza absoluta que ele estava a falar verdade.

7. É normal um treinador perder- -se nos elevadores do estádio (!!!) e (mandar) justificar assim a sua falta ao compromisso contratualmente assumido de falar à televisão (TVI) que tem os direitos do jogo?

8. Cristiano Ronaldo, que se atreveu a avisar o treinador através da imprensa que não gosta de jogar a ponta-de-lança, também pode protestar com o público dando provas da mesma imaturidade de Miguel Veloso no Sporting?

9. Prova-se que é uma absoluta estupidez esperar de um seleccionador a disponibilidade para "reorganizar" o futebol jovem. Um seleccionador não é um director técnico. Como o velho Aragonés provou, desse homem só se espera uma visão, uma estratégia e resultados concretos da missão.

10. Pergunto de novo: quanto vai pagar a FPF de indemnização a Queiroz se tiver de rescindir o contrato de quatro anos? Scolari, recorde-se, para comparar, nunca teve direito a mais de dois... Madaíl está enganado se pensa que poderá resistir à pressão da opinião pública depois de um eventual fracasso nesta campanha para o Mundial. Quanto muito, promoverá mais um excêntrico, como o euromilhões, porque esperar que Queiroz vá embora agora, e pelo próprio pé, promovendo uma mudança que seria boa para a selecção, é esperar de mais para quem o conhece.

11.O pior de tudo é o seguinte: em três meses apenas, Queiroz cortou a relação da equipa nacional com o seu público. Como se vai reconstruir agora
essa ligação?

1 comment:

Pedrinho said...

Telmo

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Abraços