Friday, December 11, 2015

Arco Iris



Quando um animal que nos foi muito querido morre, vai para um local bonito do outro lado do Arco-iris. Lá existem campos imensos, vales e colinas, onde os nossos amigos podem correr e brincar à vontade com os outros. Há imenso sol, comida, água e eles sentem-se muito bem nesse local. A todos os animais eu chegam doentes, inválidos e velhinhos, é restaurada a saúde e o vigor físico. Os que estão feridos ficam de novo sãos e fortes, como nós nos recordamos nos nossos sonhos e memórias dos tempos que passámos juntos.
Os animais sentem-se felizes, apesar de um pormenor: sentem saudades daquele alguém tão especial para eles, que tiveram de deixar para trás.
Mas de repente um deles para subitamente… olha para longe, para o “vazio”, e os seus olhos brilham de entusiasmo, o seu corpinho treme de excitação. Afasta-se dos outros e corre, voa sob a ervas, as suas pernas levando-o mais e mais depressa… e de repente é como se você estivesse lá. A sua emoção foi sentida. As suas saudades também. E então, quando no coração você e o seu animal amado se encontram, abraçam-se em feliz união e prometem ficar juntos para sempre. Trocam beijos felizes, as suas mãos acariciam de novo a cabeça amada e você olha de novo para os olhos confiantes do seu animal de estimação.
E entre carícias ele pede-lhe: “Não chores por mim, se bem que eu tenha partido para este local. Vê como é lindo, como posso correr e brincar. Podes estar triste com a partida da minha pequena alma, mas eu estou em paz, e a minha alma descansou. Não são precisas lágrimas. Não há dor, vê como eu estou bem. Não a minha dor nem a minha luta nem o meu esforço para viver. Recorda antes todos os momentos felizes que passamos juntos, todas as brincadeiras e partidas. Não recordes a minha morte, recorda antes a minha vida. Obrigado por todo o tempo que me deste o teu amor. Por todo o tempo em que fui tão feliz.
Por isso não chore. Quando olhar o Arco-Iris, sinta que ele está lá na ponta… Que embora ausente da sua vida nunca estará longe do seu coração.

Autor Desconhecido
Lido pela primeira vez numa parede da sala de espera da Clinica Veternária Clica -  Malveira da Serra. 

Wednesday, November 25, 2015

Dona Francisca

Não se sabe onde nasceu D. Francisca mas, presumimos sempre que terá sido para os lados de Caxias. Não a Caxias da Prisão nem do Estado Novo, mas a Caxias das Vivendas e da vista sobre o Tejo.
Quando a D. Francisca foi encontrada não sabiam que idade teria mas, seria uma criança e, naquele tempo de tantos pudores, não verificaram se D. Francisca seria mesmo uma menina. Tal facto só viria a ser conhecido quando D. Francisca foi levada ao médico para que fosse observada e se concluiu que se tratava de uma jovem donzela. Foi nesse dia que a D. Francisca foi rebatizada e recebeu a graça que ainda hoje possui
.
Os primeiros tempos de D. Francisca foram passadas numa casa em Lisboa, na companhia de uns dos membros do casal que a recolheu e a tomou como sua. Mal saberiam eles que Dona Francisca os tinha tomado como dela, em vez da crença geral. O membro desse casal à época padecia de uma pequena enfermidade de fácil mas demorado tratamento. Assim, durante esses primeiros tempos, faziam companhia um ao outro, partilhando o sofá para grandes sestas. Ao fim do dia, quando aquela que D. Francisca viria a adoptar como Mãe chegava, D. Francisca partilhava a companhia com os seus dois guardiões.

Ao fim de algum tempo, D. Francisca começou a passar os dias sozinha, dado que a tal efemeridade  do seu guardião já tinha sido curada. Não que se preocupasse muito, continuava a passar os dias sozinha. Um dia, como é próprio da idade, tentou saltar o muro da sua casa mas, foi só até ao quintal do lado. Aí ficou, petrificada e sem saber como voltar, devido a altura do muro. Quando a sua guardiã a foi buscar, tremia e nunca mais voltou a experimentar tal façanha.

Preocupados com a sua solidão e por pensar que gostaria de companhia, os seus guardiões resolveram dar a mesma vida a outra criança, na esperança de se darem como irmãs. Enquanto D. Francisca era elegante, com uns lindos olhos verdes e de tez mais escura, a sua nova companhia era branca como a cal, de olhos azuis e uma pequena bolinha. No dia em que se conheceram, D. Francisca tentou comunicar com ela. Mas a sua nova companhia apenas lhe respondeu um conjunto de impropérios que muito espantaram D. Francisca, não habituada a tais comportamentos. Nesse dia apenas ficou a saber que a sua nova companhia se chamaria Laura mas, pelo seu aspecto patusco e impetuoso, teria para sempre a alcunha de Lauroca.

Ao longo dos anos, apesar da primeira reacção, foram crescendo como irmãs e como fossem irmãs de sangue pois guerreavam mas não viviam uma sem a outra. Já adolescentes, por força das circunstâncias da época, tiveram que ser submetidas a uma intervenção cirúrgica e, por ironia do destino ou talvez não, calhou no mesmo dia, na mesma instituição. A Mãe, como entretanto começaram a reconhecer, foi lá deixar as duas logo pela manhã. Tinha ficado combinado que seria o Pai a ir recolher ambas ao final do dia. Quando o Pai entrou e informou as pessoas ao que vinha, a mais pequena começou a gritar pelo Pai e só se calou quando ele chegou ao pé dela. Num quarto ao lado, o Pai foi encontrar a D. Francisca muito sossegada e calma, sem manifestar grandes afectos por nada e por ninguém.

Mesmo nos dias seguintes da recuperação de ambas, Laura andava sempre de um lado para o outro e a tentar ver os pontos com que a tinham voltado a juntar os dois lados da sua pequena barriga. D. Francisca, por seu lado, manteve-se sempre recolhida seguindo as ordens dos médicos e no seu leito a recuperar.
Seguiram-se os anos e elas mantiveram sempre aquela relação próxima e inseparável mas, pautada aqui e ali por pequenas picardias tão próprias de duas irmãs. Quando a família mudou de casa para um apartamento numa torre muito grande, D. Lauroca quis conhecer tudo e se possivel todos os seus novos vizinhos. D. Francisca por seu turno apenas uns dias depois, já bem instalada, quis conhecer o que a rodeava. Mas desiludida ficou quando descobriu que os outros pisos eram iguais ao que morava e que nada mais havia de diferente.

D. Francisca e D. Lauroca nunca casaram ou tiveram filhos. Mantiveram sempre as mesmas posturas e ao final do dia ou numa sesta a meio da tarde, sempre regressaram para junto uma da outra. Com a idade D. Francisca foi-se tornando uma senhora composta, calma e muito ponderada. Não gostava de dar nas vistas e apenas mostrava carinho para sua família mais próxima. Gostava de mimar e de ser mimada, mas sempre sem grandes alaridos. Durante as festas e outros acontecimentos sociais na sua casa, resguardava-se sempre no seu quarto e só aparecia ao final junto da família mais próxima. A sua irmã, ao contrário, socializava com toda a gente e gostava de estar junto das pessoas, falando com elas e sempre pronta para comer qualquer coisa que por lá houvesse.

Quando estava na meia idade, os seus Pais adoptaram mais um membro para a família, sendo que desta vez foi um rapaz. Era imponente, alto e loiro, embora tivesse tido uma vida e adolescência complicada. Já não era nenhuma criança mas, o seu ar majestoso de Príncipe de uma qualquer casa real da Europa do Norte, escondia uma personalidade dócil e meiga que no fundo apenas queria fazer esquecer todas as agruras da vida por que tinha passado. Ao início D. Francisca ignorou-o, mantendo apenas uma relação de cortesia. D. Lauroca por seu lado, dava conta do juízo ao seu novo companheiro, D. Tobias de seu nome. Este, por seu lado, fez de tudo para se relacionar com as duas irmãs mas, nunca conseguiu verdadeiramente. Com o tempo elas foram tolerando-o e pouco mais que isso.

Um dia, chegou a família um outro rapaz. Mas este, gerado e não adoptado como a restante família. D. Francisca já uma senhora de alguma idade, inspeccionou-o dos pés à cabeça quando chegou lá a casa. Jurou defender a criança de qualquer problema e, mesmo estando a família equipada com aqueles rádios modernos em que se ouvia o que se passava no quarto do jovem morgado, corria a avisar os seus Pais sempre que o ouvia chorar.

A criança foi crescendo e passou pelas fases normais de qualquer criança mas, anos mais tarde e depois de algum afastamento, a criança desenvolveu por D. Francisca um carinho e amizade grande, prontamente correspondida. Enquanto a criança jogava com os seus jogos e as suas consolas, D. Francisca acompanhava-o como que a fazer as suas pequenas malhas ou tricot.
Quando estava a tornar-se septuagenária, D. Francisca foi ao médico para saber que sofre de uma daquelas doenças prolongadas e de cura inexistente. Até agora, não dificulta a sua capacidade motora, mas os tratamentos que sofre para manter a sua qualidade de vida deixam-na sempre um pouco atordoada. Mantém a sua vida normal, com sua irmã ao seu lado mas, quer que a deixem mais sossegada. Da família, todos sem excepção, tem recebido todo o carinho e apoio. Foi até agora e será até ao fim dos seus dias, muito acarinhada e bem tratada. E teve uma vida cheia.  
…………………………………………
Para quem não sabe, a Dona Francisca e a Dona Lauroca são na pratica a Kika e a Pipoca. São as gatas da nossa família, assim como o Tobias. Agora que a Kika adoeceu e não sabemos quanto tempo terá, apeteceu-me escrever este texto. Foi a primeira gata que nos adoptou, porque não somos nós que a adoptamos. Foi feliz e será, no que depender de mim, feliz até ao fim dos seus dias.

Este texto é apenas uma pequena homenagem e uma brincadeira.  



Friday, October 9, 2015

Plano Extraordinário – Clube de Cinema

Desde que estou em Tomar, tenho assistido com alguma regularidade a projecção de filmes que não passam no chamado circuito comercial. São filmes que, em Lisboa, poderiam ser vistos em cinemas como o Monumental ou os já desaparecidos King, mas que na chamada "provincia" não têm qualquer tipo de projecção possível.

Tomar é, à semelhança de tantas outras cidades, um sitio onde não há cinema regularmente. Tem uma sala antiga recuperada (cuja pequena historia pode ser conhecida aqui http://tomar.com.sapo.pt/cine.html ) mas, que deixou de ter cinema regularmente. O regularmente, entenda-se, era ao fim-de-semana mas, por problemas técnicos por causa de equipamento e por problemas de pagamento por parte do concessionário, deixou de funcionar.
O Cineclube de Tomar é, nas palavras dos seus mentores:
"O Cineclube de Tomar (nome comum do Plano Extraordinário – Clube de Cinema) foi fundado no dia 14 de Janeiro de 2009; é uma associação sem fins lucrativos cujo objecto é a divulgação da arte cinematográfica no concelho de Tomar. O PE ou Cineclube de Tomar, alicerça as suas actividades, até à data, em sessões semanais de cinema, às quais chamamos sessões especiais (uma evocação às antigas sessões das quartas feiras organizadas no passado por um dos nossos sócios fundadores). As sessões especiais têm lugar regularmente às quintas feiras, às 19h, no Cine-Teatro Paraíso, espaço gentilmente cedido para o efeito pela Câmara Municipal de Tomar. Pontualmente podemos alterar o local e/ou a hora, por problemas logísticos, ou outros" in https://cineclubedetomar.wordpress.com/

Esta semana, excepcionalmente, foram feitas duas sessões tendo por base o mesmo tema: o fundamentalismo religioso. E foram dadas duas prespectivas do mesmo.
  • Em Timbuktu de Abderrahmane Sissako ( http://www.imdb.com/title/tt3409392/ ) é-nos mostrado como o fundamentalismo islâmico interfere de fora ridicula no dia a dia da população dos arredores da cidade do Mali que dá nome ao filme. Como esse mesmo fundamentalismo mexe na vida de uma familia de criadores de gado, de um pescador, de uma vendedora de peixe, etc.
    Dá pistas para a razão de muitos fugirem para a Europa, numa altura em que tanto se fala do assunto.
  • Em Estações da Luz de Dietrich Bruggemann (http://www.imdb.com/title/tt3465916/) a visão é dada pela historia da filha mais velha de uma familia Catolica Conservadora Alemã, que presa entre o seu mundo religioso a poucos dias do Crisma e da vida normal de qualquer teenager Europeia, acaba por querer morrer e ser Santa. 
São dois filmes intensos, muito poderosos e que merecem ser vistos. 



Wednesday, October 7, 2015

Teorias da Conspiração

Nunca fui muito dado a Teorias da Conspiração, embora reconheça que há coisas que fazem tanto sentido que poderiam ser verdade.

Também não tenho, ao contrário de alguns que conheço, qualquer malapata contra a humanidade, embora reconheça que um dos seus grandes problemas são as pessoas.

No entanto, tenho uma malapata contra um dos jardineiros ao serviço da empresa que presta serviço aqui na empresa. A sério que tenho e não é pequeno!

Por estar inserida junto ao um bosque e numa zona rural, aliado ao facto de produzir produtos de facil combustão, a minha empresa tem um plano semanal de limpeza da mata envolvente e de toda a area em redor da fabrica. Uma dessas tarefas é andar um soprador a apanhar as folhas todas que caem das arvores, juntando num sitio para posterior recolha.

Acontece que, sendo o meu gabinete no primeiro andar e estando nós no meio do campo, gosto de chegar e abrir a janela. Enquanto o tempo permite, mantenho a janela assim aberta mas, mal acabo de abrir a janela aparece sempre o raio do Jardineiro a fazer um barulho descomunal e que não permite manter a janela aberta.

Mas há 3 anos que é assim!!!!

O Curioso é que, por vezes quando vou fumar um cigarro a zona delimitada para isso, la passa o tipo e simpaticamente diz sempre bom dia ou boa tarde. Eu respondo, por boa eduacação, embora muitas vezes me apeteça apenas dizer: "Bom Dia o raio que o parta... Se fosse fazer barulho para o ......"

Mas não digo


Tuesday, October 6, 2015

Os Futuros do PS

Como diria um amigo meu, os grandes partidos são grandes máquinas de sustentar, quer em termos monetários quer em termos de tachos que se têm de distribuir. 
Só com esta premissa se pode explicar o que o PS está a passar neste momento. 

O Ps perdeu as eleições por culpa própria, porque não soube aproveitar o descontentamento com este governo é capitalizar esses votos, que foram para ao BE. Mas, neste momento, está numa situação muito boa:
1. Ou escolhe apoiar o o PSD e consegue por via da negociação introduzir alterações na política seguida até agora por Passos e Portas.
2. Ou, ao ser chamado pelo PR diz algo neste genero: nos não vamos apoiar este governo porque não acreditamos nele. 2/3 da população que votou também não concorda com esta política. Por isso, vamos falar com BE e tentar criar pontes que permitam governarmos o país em estabilidade. 

Em ambos os casos, o PS passa por um partido responsável, que procura o melhor para o País e não aquele ninho de cobras que é agora. 

O Congresso e as directas ficam para depois de se decidir o destino do País. 

Sei que não vai acontecer mas, deveria acontecer um dos cenários acima enumerados, fosse qual fosse o escolhido pelos seus órgãos dirigentes. 

Friday, October 2, 2015

Declaração de voto


Horas antes de acabar a campanha eleitoral e entrarmos em período de reflexão, venho por este meio fazer uma declaração de voto. Não quero com isto provar que a minha escolha é mais acertada do que as dos outros, nem sequer comparar se é melhor. Mas quero, acima de tudo, explicar a minha.
Como em todas as escolhas que fazemos, existe um processo de eliminação:
Porque não voto na Coligação entre o PSD e o CDS:
1.       Porque me é difícil perceber como se tenta fazer uma campanha dizendo que tudo o que de mau se passou foi culpa do governo anterior, quando disseram que queriam ir para além da Troika, quando o plano de resgate foi apresentado.
2.       Porque tenho memória para me lembrar de ver Eduardo Catroga sair das reuniões com a Troika e dizer que o seu partido tinha dado um contributo essencial para o programa de ajustamento.
3.       Porque não se pode dar um contributo essencial a algo que não se sabe o que é
4.       Porque, sabendo do que o Plano continha, continuaram a prometer este mundo e outro, para depois fazerem exatamente o contrário.
5.       Porque os cortes que fizeram nas despesas sociais e de saúde foram de tal maneira violentos para as pessoas, deixando de fora as grandes fortunas.
6.       Porque não concebo que se dê cabo de um Serviço Nacional de Saude ao ponto de uma pessoa ter que ir a uma farmácia fora do hospital para comprar um antibiótico a base de Penicilina porque o SNS não tem esse tipo de produtos.
7.       Porque se vendeu ou concessionou ao desbarato tudo que era propriedade do Estado, ao preço da uva mijona.
8.       Porque, para ser diferente e não fazer como os “outros que cá estiveram antes” no BPN, fizeram uma complicação com o BES que vai acabar em mais custos para os contribuintes.
9.       Porque até conseguiram condecorar o anterior ministro das finanças como prémio de ter chamado a Troika e ter safado a malta laranja enterrada até ao pescoço no BPN.10.   Esse mesmo BPN detido pela SLN, empresa não contada e onde o actual Presidente da Republica comprou e vendeu acções com um lucro de 140%, sem saber como (diz o próprio).
11.   Porque não acho que o apoio a um governo sem qualquer tipo de plano tangível é pior de que um plano não cumprido.

Mas então, porque não voto nos partidos mais a esquerda e de representação parlamentar?
1.       Porque quando foi preciso juntar esforços e negociar um memorando de entendimento, meteram a cabeça na areia e nem sequer falaram ou ouviram as propostas.
2.       Porque existem em Nacionalizar tudo, sem qualquer tipo de rigor e sem qualquer tipo de contacto com a realidade
3.       Porque não nos pode acontecer como na Grécia em que ameaçou sair do Euro sem ter condições para o fazer.
4.       Porque criticam tudo que mexe mas não apresentam qualquer tipo de resposta credível.

A campanha do PS foi um conjunto de erros atrás de erros, com mau aconselhamento e que deixou enredar-se por uma série de mal entendidos. O PS não conseguiu passar a mensagem que não era só o seu programa que era diferente mas, também, a coligação não tem qualquer plano. Como também não conseguiu passar a mensagem que este governo actual fez tudo ao contrário do que tinha prometido e, com base nos últimos dados do BES / Novo Banco, vai anunciar no final do ano que não consegue cumprir a vontade de devolver o que foi pago em sobre taxa.
Porque acredito em António Costa, pelo trabalho que fez em Lisboa.
Porque não acredito em mentirosos como Passos Coelho e Paulo Portas, este ultimo querendo é protagonismo e ser Primeiro Ministro de um governo onde é minoritário.
Se estou certo não sei, se o PS vai ganhar muito menos mas, não posso nem nunca poderei votar num partido de Dias Loureiros, Amandios e outros. 

Tuesday, July 14, 2015

Relato de um Jogo (ou a Crise Grega vista como uma partida de futebol)

Todos os governos são eleitos com base num programa de governo, em que estabelece as linhas directivas em como vai governar o país. A maior parte dos governos, da esquerda à direita, logo depois de eleitos, esquece o que prometeu e governa como quer e leva a cabo as politicas que quer.
Depois desta nota introdutória, vamos ao resumo do Jogo até agora:

  • Grécia 1 – União Europeia 0

O Governo Grego, eleito com menos de 40% dos votos, concluiu depois das primeiras negociações com a União Europeia, que aquilo que estavam a propor ia contra o programa de governo apresentado meses antes. Por isso, achou por bem que, do ponto de vista democrático, deveria voltar a ouvir a opinião do povo. Isto fez muita comichão a maioria dos países da União Europeia, dado que abre um precedente gravíssimo. Ou seja, a opinião das democracias europeias é e sempre tem sido, que o Povo opina de 4 em 4 anos e já vai com sorte.

  • Grécia 1 – União Europeia 1

O Golo do empate da União Europeia foi resultado de uma grande pressão sobre o Governo Grego que, não sabendo segurar a vantagem que tinha ao dar um exemplo da democracia a funcionar, deixou-se levar para fazer um referendo a pressa, com uma pergunta complicada, sem qualquer tempo para debate. Este erro, viu-se mais a frente no jogo, que marcou profundamente a resposta da Grécia.

  • Grécia 2 – União Europeia 1

A Grécia adiantou-se outra vez no marcador, com muita sorte e muita atrapalhação. Através de um referendo feito a pressa e com uma pergunta complicada, conseguiu ter a aprovação de quase 2/3 da população Grega e com isso recebeu um balão de oxigénio.
No entanto, ao festejar o Golo, a Grécia perdeu Varufakis que já tinha um cartão amarelo dado pela senhora Lagarde e, como tirou a camisola durante os festejos, teve que ser admoestado com o segundo cartão amarelo e consequente expulsão.

  • Grécia 2 – União Europeia 2

O novo Golo do Empate da União Europeia, e que lhes dá vantagem no conjunto das duas mãos, foi a aceitação por parte do Governo Grego das medidas propostas em negociação, dado que vão contra aquilo que as pessoas referendaram. Não deveria ter aceite porque não estava mandatado para o fazer. Se as pessoas elegerem o governo grego mostraram que não queriam este tipo de medidas, como referendo reafirmaram a alto e bom som que não queriam mesmo este tipo de medidas.


Neste momento, estamos muito perto do fim e só uma jogada de mestre (que duvido que seja conseguida) pode levar o jogo para prolongamento. 

Tuesday, June 30, 2015

Receita de Bacalhau com Natas.... Nã, estava a brincar, é mais uma opinião sobre a Grécia.

Já que todo este mundo europeu tem opinião sobre a crise grega, a postura dos credores e Syrisa, penso também estar habilitado a dar a minha opinião. Mas, para tentar ser mais explicito, vou tentar fazer por pontos:
1.       Syrisa:
A postura do Syrisa peca, na minha opinião, por não ter dado a entender logo de inicio que não iria aceitar as propostas da Troika. A meu ver, e dada a legitimidade que tinha por ser recentemente eleito, deveria ter dito desde o inicio que caso não chegassem a acordo com a troika para que fossem aceites as suas propostas, optaria por uma consulta popular.
Ao contrário do que dizem pessoas como a Helena Matos, os programas de governo são para serem cumpridos e, caso um governo seja obrigado a fazer algo que não está no seu programa de governo, deverá consultar novamente os eleitores. Seja por eleições antecipadas ou seja por referendo (em questões de economia penso que esta ultima opção não é a mais adequada).
O Syrisa tem uma posição invejável pois, a qualquer momento, pode alegar que não foi ele que criou este problema e que está a resolver o que os outros fizeram, em nome do povo Grego. Mas, tem que ter uma postura mais aberta.

2.       Troika
A Troika, chefiada pelo o FMI da senhora Lagarde, está mais interessada em que as ideias e a força do Syrisa sejam quebradas do que como chegar a acordo. Neste momento, o movimento de centrismo a puxar para Direita, com os partidos do PPE aliados aos moderados socialistas de França, não querem por nada deste mundo que seja apresentada e aprovada uma outra via para combater a crise financeira. Não querem porque tal situação poria em causa as politicas seguidas por Portugal e Espanha (por exemplo), onde sempre foi passada a ideia que não havia outra possibilidade. No entanto, a postura da Irlanda que tentou fazer a ponte entre a UE e a Grécia, é de louvar. Em contrapartida, a postura do governo português não o é. Mas é compreensível, dado que estamos em ano de eleições e o pior que poderia acontecer era alguém mostrar que poderia haver outro caminho. O mesmo se passa em Espanha, onde outra via seria utilizada e cavalgada por partidos como o Podemos e o
Ciudadanos.
Por isso, mais do que chegar a acordo, é mais importante quebrar o Syrisa. .

3.       Esquerda Moderada Europeia
A Esquerda moderada como PS português ou o francês, está completamente perdida.
Em Portugal, depois da euforia desmedida na vitoria do Syrisa, Costa e seus pares têm alternado em “uma no cravo e outra na ferradura”. A postura, não difere muito do PPE e denota uma total ausência de ideias neste aspecto e uma postura fraca. Como partido do Centrão (ou do arco da governação, como é fino dizer), claro que o PS tem o “rabo preso” na crise em Portugal. Já nem falo, como a maioria, que tudo que passámos é culpa do Sócrates e de mais ninguém. Essa ideia aliás, tem sido muito bem impregnada na sociedade portuguesa por um sem numero de “opinion makers”  bem colocados nas televisões (Marcelo na TVI, Mendes na SIC e Sarmento na RTP), bem como diversos colaboradores em publicações como o Observador.
Voltando ao PS, neste caso  francês, claro que não interessa qualquer colagem ao Syrisa, sob pena de perder o peso que tem na Europa e junto da Senhora Merkel. Também não interessa, tanto  a franceses como a alemães, que seja cortadas as despesas de compra de material militar nos orçamentos da Grecia, pois é daqui que muitas empresas alemãs e francesas vão buscar vendas e dinheiro.
Por isso, metem o socialismo na gaveta e siga para “bingo”.

Comunicação Social
Agora com este impasse até domingo, os telejornais vão ter que andar a encher chouriços até domingo.