Cullera

Quem esteve cá no Inverno e andou a passear por Cullera antes ou depois do Jantar, tem sempre um grande choque quando começa a andar pela avenida junto ao mar. O calçadão outrora deserto, enche-se de famílias por todo o lado!

Quando se pára para observar tudo à volta, verificamos que o os prédios quase abandonados e sem qualquer luz nas suas janelas, transformaram-se em torres que mais parecem arvores de natal pela quantidade de luminosidade que sai das suas janelas. No calçadão passeiam-se as famílias à maneira espanhola, isto é, elas todas arranjadas e eles com um ar de parque de campismo anos 70 que até faz impressão.

Curiosamente, e após observação cuidada por parte de um painel de especialistas tugas, durante o dia elas andam todas de biquínis, estejam ou não estejam na praia. No entanto, e ao contrário de Portugal e, especialmente do país das caipirinhas, tal indumentária parece digna da Ursula Anderss no famoso 007- Dr. No de 1960. Os biquínis não são mais que um soutien bem grande colorido e de umas cuecas mais largas que as minhas (e olhem que as minhas não são pequenas). No entanto, à noite tudo se transforma e da mesma maneira que existem plantas que só quando o sol se põe é que desabrocham, as mulheres usam trajes decotadíssimos e curtissimos, mostrando por vezes zonas onde o sol não brilha devido a largueza dos biquínis já referidos.
Depois deste aparte, continuemos.

As ditas famílias aqui são mais visíveis do que, ao que me conta, a praia de Gandia onde os grupos de malta nova proliferam. Cullera é para famílias, ou seja e como diria o outro, nº1 das famílias. Essas famílias são na sua maioria compostas por Pai, Mãe e dois filhos, acompanhados por um cão pequeno, perfeitamente irritante e que em algum lado deve levar pilhas LR03, dado o tamanho dos mesmos. Em alguns casos, o grupo é alargado por o avô e a avó das crianças. Toda esta minha gente passeia-se pelo calçadão, conversando entre eles uns decibéis acima do normal. Os homens mais velhos têm quase todos vozes de quem fumou 2 maços de Ducatos por dia durante 40 anos e as senhoras mais velhas, carregam o seu coro cabeludo com carradas de laca até a coisa ficar mesmo mais firma e hirta do que uma barra de ferro.
Os pais das crianças anda quase sempre de calções e chinelos com ar mesmo de férias, não dispensando por vezes a camisola de alças com buraquinhos e, em casos raros, a meia branca a acompanhar o chinelo. As suas senhoras, usam uns vestidos por vezes com uns laçarotes e acompanhados, não raras as vezes, de um salto 12 de verniz preto ou branco. Durante o passeio encontram outras famílias e sentam-se todos no muro da praia. Nesse momento, elas ficam ao meio berrando umas com as outras porque falam todas ao mesmo tempo. No entanto, eles também acabam por berrar para falar dado que além da distância física, ainda têm de suplantar o todo de voz das suas caras metades.

Com uma dose de exagero aqui fica uma boa descrição.