Um dia no tribunal

Esta semana, fiz a minha estreia como testemunha num tribunal. Tinha entrado uma vez numa sala destas, em Lisboa mas, nunca tinha sentido o que é ser testemunha.

Entrei no tribunal por volta das 9.30 e reparei num senhor sentado a uma secretária, que alternava a leitura das Selecções com um cigarro cá fora. De tempos a tempos, alguém lhe perguntava onde ficava isto ou aquilo e ele, simpaticamente, lá indicava. Não era um funcionário de uma empresa de segurança e a sua função era apenas aquela. Comecei a pensar se com tanta falta de pessoal que havia em alguns serviços, se aquela função não seria um desperdício de dinheiro.
Mais à frente, duas funcionárias discutiam que se se reformassem naquele momento ficavam a perder 100 contos de reforma… enfim, a função publica!
Depois chegaram os advogados e sentaram-se com o Juiz durante quase duas horas discutiram quantas perguntas se iriam fazer ás testemunhas, com a acusação a querer 80 e a defesa 10. A mim fizeram-me apenas 4.
Por volta do meio dia, a sessão iniciou-se para ser interrompida para almoço meia hora mais tarde, dado que os horários são para cumprir. Avisaram-nos que as testemunhas de defesa, onde eu me encontrava, só seriam ouvidas por volta das 3 da tarde, A essa hora lá voltámos mas, acabámos por ser ouvidos a partir das 4 e eu apenas entrei ás 5.

Não sabia como isto funcionava mas, apreendi que primeiro entram as testemunhas de acusação e depois as da defesa. Fiquei a saber que as testemunhas estão todas cá fora e vão entrando à medida que vão sendo chamas, não podendo ouvir o que se está a passar lá dentro. Depois de testemunharem, ou saem para a Rua ou ficam lá dentro.

Como era um processo de um ex-trabalhador contra a empresa e dado a função que ocupo, fui atacado forte e feio mas, não consegui deixar de sorrir quando a advogada alegou que eu tinha muita experiência de tribunais…. Se ela soubesse.

Outra coisa que me alegrou ver, é que os depoimentos já não são escritos mas, sim gravados em casssetes, numa aparelhagem que o Juiz manda parar ou arrancar, entre testemunhas.

Condições de trabalho, naquele Tribunal da Almada, parece-me que existem mas, muito me ri quando vi publicados na parede uma vintena de Editais (penso que se chama assim) da ordem dos advogados, em que informavam de vários advogados com a licença suspensa por períodos que iam dos 3 meses aos 10 anos, e em alguns casos para sempre.